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domingo, 24 de abril de 2011

Você é Santo ou Homofóbico?

CARTA AOS CRENTES
Josafá Gomes Pereira1
No dia 24 de fevereiro de 2010 apresentaram-se no Programa do Ratinho como convidados o Pr. Silas Malafaia, juntamente com a ex Deputada Estadual por São Paulo Iara Bernardi autora do PLC 122-06 que visa combater o preconceito contra o homossexualismo. A proposta do Ratinho era exatamente debater o tema sob o ponto de vista dos dois convidados. Na ocasião o pastor Silas estampava visível intolerância e acentuada inquietação frente à problemática, e conclamava a população para a questão da liberdade de expressão, alegando que a referida lei fere a Constituição Federal no tocante à “Liberdade de Expressão” e licencia o que é considerado por ele uma “pouca vergonha, imoralidade descarada”.
Acontece que em certo momento do debate o apresentador Ratinho fez uma pergunta dirigida ao Pr. Silas nos seguintes termos: “Porque a Igreja combate tanto o homossexualismo?”. Surpreendeu-me o fato de o Pr. Silas não responder à pergunta do Ratinho, desviando assim o assunto e deixando o debate apenas no campo político e com caráter extremamente moralista. Tal episódio causou-me verdadeira repulsa. Assistir uma cena como aquela, onde um Pastor com o reconhecimento e o respeito que o Silas tem no Brasil e no mundo, fugir do assunto quando tratado mais diretamente.
A verdade é que o homossexualismo não é assunto novo para nós cristãos. Aqueles que estudam a Bíblia cuidadosamente saberão que isso não é modernidade, muito menos libertinagem do mundo contemporâneo. A Bíblia trás relatos de uma cidade inteira que há aproximadamente 3.000 anos foi destruída por causa de práticas sexuais não aceitas por Deus, entre elas o homossexualismo. Gênesis 18 e 19 . 400 anos depois, A Lei de Moisés trás alguns preceitos quanto à prática sexual dos Judeus quando entrassem na Terra Prometida, entre as coisas expressamente proibidas por Deus estava a prática homossexual. A sentença para tal pecado era equivalente aos pecados de adultério, prostituição, sexo com animais etc., a MORTE.
O homossexualismo aparece na Bíblia sempre junto com prostituição, mais precisamente como “Prostituição Cultual”. Isto acontece porque as nações pagãs em seus rituais religiosos incluíam o culto aos deuses do sexo, deus do prazer ou da fertilidade e em rituais feitos a esses deuses era comum a prática de orgias durante as oferendas. Para tanto existiam os/as Prostitutos(tas) cultuais, que serviam a esses deuses. Os que prestavam tais serviços eram geralmente oferecidos pelos pais, o que nos leva à constatação que eram entregues aos templos ainda crianças. Outros homens livres às vezes se dedicavam aos serviços dos templos e nos altos (montes) onde se cultuavam a esses deuses como prostitutos cultuais. I Reis 14:23-24 e I Reis 15:12 . Trabalhavam também como prostitutas(tos) fora dos templos e a renda do trabalho era então levada ao templo como oferta ao deus que serviam como vemos em Deuteronômio 23:17-18.
A relação entre prostituição e idolatria é tamanha que em certos momentos a Bíblia trata os dois problemas no mesmo nível. Quando Deus diz que o Povo de Israel havia se prostituído, geralmente referia-se a “Ir após outros deuses” Jeremias Cap. 02:20-37 e todo o Cap. 03 de Jeremias. Assim prostituir-se equivale à idolatria e idolatria equivale à prostituição espiritual.
O homossexualismo aparece no Novo Testamento em Romanos Cap. 01. A partir do versículo, 18 encontramos a causa do homossexualismo. A cultura romana havia absorvido do mundo antigo, muitas coisas, entre elas a adoração a vários deuses o conhecido politeísmo. A proliferação de deuses requeria proliferação de templos, sacerdotes etc. Assim, os cultos extrapolam aos limites dos templos, pois seria quase impossível construir tantos templos. O culto ao prazer sai então de templos e altos de adoração, torna-se algo comum, incorpora a cultura romana. Paulo, então ao escrever aos Cristãos romanos não poderia deixar de falar sobre a adoração a ídolos. E é nesse contexto que surge a questão do homossexualismo, mais uma vez. O principal assunto do texto não é a prostituição e muito menos o homossexualismo. Paulo começa falando de Justificação pela Fé versos 16 e 17, pois esse é o tema central da epístola inteira. Logo após Paulo trata de um assunto crucial, a relação do homem com Deus.
A ira de deus se manifesta, [...], pois tendo conhecimento de Deus não o glorificaram como Deus, [...] e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível bem como de aves, quadrúpedes e répteis. Por isso, Deus entregou tais homens à imundícia [...] para desonrarem seu corpo entre si, pois eles mudaram a verdade de Deus em mentira, adorando e servindo á criatura em lugar do Criador [...] Por causa disso, os entregou Deus ás paixões infames; porque até as mulheres mudaram o modo natural de suas relações íntimas por outro, contrário á natureza; semelhantemente, os homens também, deixando o contato natural da mulher, se inflamaram mutuamente em sua sensualidade, cometendo torpeza homens com homens, recebendo em si mesmos a punição pelo seu erro. (Romanos Cap. 01:18-27)
Aqui Paulo faz menção direta ao homossexualismo. Não é aleatória tal abordagem, pois ele conhecia bem a cultura romana e sabia da necessidade de se falar sobre o assunto. Em primeira instância somos tentados a pensar que o problema então é de Deus, pois foi Ele quem entregou o homem a tais paixões. Porém observa-se que existem opções para o homem, e este escolhe uma. Deus sempre trabalhou com o livre arbítrio. Ele sempre deixou o homem escolher o que quer fazer. E com relação ao homossexualismo não é diferente. Ao dizer não para Deus o homem automaticamente está dizendo sim para si mesmo. Ao reverenciar a criatura em lugar do Criador, o homem está então optando por não querer que Deus interfira em sua vida. Deus o faz e então o homem fica entregue a si mesmo. Então todas as outras coisas são decorrentes da primeira. E volta a idolatria, o culto ao prazer, a prostituição cultual, aberta e descarada. E os templos, onde estão? Agora o homem é templo. O homem é o sacerdote, o homem é o deus, ele mesmo oferece e recebe oferendas de prazer.
Mas não para por aí as consequências, Paulo continua uma lista não muito agradável. Do versículo 28 até o 32 ele elenca: injustiça, malícia, avareza, maldade, inveja, homicídio, contenda, dolo, maldade, difamação, calúnia, desprezadores de Deus, insolentes, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais, insensatos, pérfidos, sem afeição natural, e sem misericórdia. Todos esses males são decorrentes de uma única escolha: Por desprezarem o conhecimento de Deus.
Como se vê, as descrições de Paulo são bem parecidas com a realidade do mundo em que vivemos. Em todos os aspectos, desde a luta pela aceitação do homossexualismo às piores torpezas que são noticiadas todos os dias. E como anda a adoração, a religiosidade, a idolatria, a prostituição cultual etc.? Largamente praticada em todos os lugares, templos, (inclusive templos evangélicos), montes, homens sendo venerados como donos do poder espiritual, falando como se fossem deuses, igrejas emergindo como verdadeiras e donas de toda a verdade, criando amuletos, superstições e toda a forma de idolatria. O corpo humano, a estética, o prazer sexual em todos os sentidos, nunca foram tão difundidos, venerados, cultuados e adorados.
E o mais interessante é que na sequência do assunto Paulo começa a falar sobre um assunto importantíssimo, ele diz que todos os homens são igualmente pecadores perante Deus e é assim que ele diz no Cap. 2 versículo 11: Porque para com Deus não há acepção de pessoas. É claro Paulo esta falando aqui de diferença racial entre Judeus e Gregos ou gentios, mas o assunto não é raça e sim a capacidade de um julgar o outro por achar-se mais santo, e o que Paulo faz a partir de então é argumentar que independente da religiosidade, ou raça todos são pecadores e, (independente do tipo de pecado cometido) carecem da Glória de Deus. Romanos 03:23
Ora a lista de pecados feita anteriormente no Cap. 01 de Romanos não é á toa. Todos os cristãos romanos fossem gregos ou judeus, sabiam e eram familiarizados com todas aquelas coisas das quais falava Paulo e provavelmente já haviam praticado uma ou outra. E ele mostra então, que não faz diferença se você é Judeu ou Romano, homossexual ou heterossexual, prostituto(a) ou monge, assassino ou militante da paz, avarento ou generoso, adolescente rebelde ou bom garoto, ladrão ou policial, ganancioso ou bom samaritano, religioso ou cético. Todos, perante Deus são pecadores e carecem do perdão de Deus. Acontece que nós somos tendenciosos a classificar uns e outros pecados e daí falamos: “esse é aceitável aquele é horrível”. Oras para Deus não existe diferença. Prostituir, praticar homossexualismo, mentir, roubar, enganar, avareza, religiosidade, farisaísmo, acepção de pessoas, discriminação etc. todos esses são pecados passíveis de morte! “O salário do pecado é a morte!” Romanos 06:23
O que é o homossexualismo senão uma das paixões da carne? Como vemos no texto de Romanos o homossexualismo faz parte de uma lista de coisas que é natural do homem entregue às suas paixões. Do homem, carnal. O mesmo podemos perceber em Gálatas 05:19; Colossenses 03:05 e I Tessalonicenses 04:03. Nesses textos não aparece alusão direta ao homossexualismo, mas faz-se menção da prostituição, comum no império romano, e entre as formas de prostituição está o homossexualismo, também como prática comum na cultura de então.
Em I Coríntios Cap. 06 Paulo chama a atenção para a questão de contendas na Igreja e conclui falando sobre sexualidade mais uma vez e vejamos os Versículos 09 e 10ou não sabeis que os injustos não herdarão o Reino de Deus... Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas, nem ladrões, nem avarentos, nem bêbados, nem maldizentes, nem roubadores herdarão o reino de Deus” E Paulo conclui esse capitulo seis falando mais uma vez de pureza ou impureza, fazendo alusão mais uma vez da relação sexual com a espiritualidade dizendo: Posso eu pegar membros de cristo (nosso corpo) e oferecê-lo (forma de culto, oferta voluntária) à prostituição?
Pergunto senhores e senhoras, qual desses é o pecado mais terrível e inaceitável? Da lista acima, qual classe de pessoas temos em nossas igrejas e/ou comunidades e não os repelimos? Não posso apontar e comentar cada um, pois ocuparia muito tempo dizendo, o que está tão escancaradamente exposto em todas as religiões, “igrejas” e comunidades, mas insistimos em negar, camuflar e justificar atos abomináveis, em nome de Deus ou pior, em nome de uma podre “ética religiosa” ou ainda em nome dos “meus princípios” é isso mesmo os MEUS princípios, porque os Princípios Divinos que é o perdão incondicional a todo e qualquer pecador, geralmente nem se menciona.
Particularmente acho uma vergonha para todos os cristãos, e aqui incluo católicos e protestantes, todos os que se dizem cristãos, ser necessário uma lei federal obrigando que se abram as portas de um templo para um “casal gay”! Sim porque em 27 anos de cristão já vi todo tipo de pessoas e/ou pecados nas igrejas, mas nunca vi um homossexual muito menos um casal homossexual na igreja, orando e buscando perdão dos pecados! E porque nunca vemos!? Porque se tentarem entrar em uma igreja serão enxotados como “demônios” como alguns classificam o homossexualismo. E isso acontece por causa do preconceito, discriminação e porque julgamos o outro mais pecador do que nós. E nos escondemos na justificativa de que a casa onde se reúne é um reduto de santidade. Veneramos os templos e esquecemo-nos de adorar a Deus e falar dEle aos que necessitam de ajuda. Instalamos a verdadeira inquisição protestante e condenamos ao inferno qualquer um que desafie sua santidade o pastor ou a “santa doutrina” ou a “tradição católica” que no fundo é a mesma coisa, FARISEÍSMO! Só defendido por pessoas diferentes. Damos mais valor à doutrina da denominação do que à Palavra de Deus. Esquecemo-nos constantemente da conversa de Cristo com aquela mulher samaritana que quando falavam sobre adoração Cristo disse: nem no monte nem no templo. O verdadeiro adorador adora em espírito e em verdade. João 04 versos 22 a 24. Mas nós temos nossos próprios princípios. O que Deus falou não importa muito. Os “meus” princípios não me permitem ter contato com homossexuais. No entanto eles precisam ser alcançados pelo Evangelho da Graça como qualquer outro pecador!
Pergunto ainda meus amigos e “irmãos” em Cristo: O que Jesus faria em teu lugar? O que Ele fez com a mulher adúltera que iria ser apedrejada? O que ele fez com a mulher samaritana? O que Ele fez com você? O que ele diria para o teu vizinho? Para teu filho, tua filha ou teu irmão?
Não pratiquemos o que o mundo pratica, façamos o que Cristo quer que façamos, anunciemos a salvação, a redenção e o Poder de Deus para a Salvação dos Homossexuais. Combatamos a idolatria que traz miséria e toda sorte de malefícios à humanidade, e anunciemos o Deus verdadeiro que dá vida e vida em abundância.
1Escritor. Graduado em letras pela Universidade do Estado de Mato Grosso (UNEMAT), especialista em Linguística também pela UNEMAT, e é funcionário administrativo da mesma instituição.